Para ouvir:Amor então acaba desse jeito - Teco Martins
O caminho estava silencioso.Ela não sabia o que falar – uma pouco pela vergonha, um pouco pela bebida – e então decidiu ficar quieta.Ele sabia exatamente o que queria falar, mas desistiu – um pouco por vergonha, um pouco por ela estar bêbada e por saber que ela não iria se lembrar de nada no outro dia.A única coisa que preenchia o silencio era a musica no CD player no carro azul dele.Aquele carro azul que ela se lembrava tão bem, com aquele jeito que ela gostava tanto.
O caminho estava silencioso.Ela não sabia o que falar – uma pouco pela vergonha, um pouco pela bebida – e então decidiu ficar quieta.Ele sabia exatamente o que queria falar, mas desistiu – um pouco por vergonha, um pouco por ela estar bêbada e por saber que ela não iria se lembrar de nada no outro dia.A única coisa que preenchia o silencio era a musica no CD player no carro azul dele.Aquele carro azul que ela se lembrava tão bem, com aquele jeito que ela gostava tanto.
Ela desistiu do silencio lá pela terceira ou quarta musica do CD.
- Eu juro que não liguei pra você Caetano.Sério, eu liguei
pro táxi.
Ele riu.
- Ana, você ligou pra mim.Você até falou comigo.
-Eu deve ter falado mesmo, mas eu pensei que estava falando com a
central de táxi.Você não precisava ter vindo.
-Claro que precisava – ele disse sem tirar os olhos da estrada,
mas colocando a mão sobre a coxa dela- Você sabe que pode sempre contar comigo.
Ele tirou as mãos e onde elas estavam estava começou a formigar.Ela sentiu uma facada no peito tão forte que ficou sem
ar.Por reflexo, colocou os pés em cima do banco do carro e abraçou as
pernas, como que para estancar o sangramento.Não funcionou.Ela já estava
sangrando.
-Eu sei Caetano.
O silencio voltou.No rádio, algum cantor alternativo demais cantava em uma voz anasalada um pedido de desculpas para alguém.Era irônico
até.
Conforme o tempo passava, as casas passavam, as ruas
passavam, os carros passavam e o efeito da bebida também.A vergonha começou a
ficar mais forte do que as outras coisas e o silencio passou a ser
insuportável.
Dessa vez, foi ele quem o quebrou.
-Eu nunca vou entender o porque você bebe em um bar tão
longe da sua casa.
-A cerveja é mais barata – ela disse, sem jeito, olhando
pela janela do carro – e estar longe de casa me faz bem.Me ajuda a esquecer as
coisas que aconteceram.
- Entendi – ele disse, como se estivesse arrependido de ter
feito o comentário – faz sentido.
- E o que você estava fazendo em casa uma sexta a noite?
Você sempre disse que prefere morrer a ficar em casa na sexta.
- É que...- uma outra faixa do CD começou a tocar ele parou
como se estivesse medindo as palavras certas para definir um problema imenso-
acho que eu morri um pouco.Depois de tudo o que aconteceu.Então mudei muito –
ele estendeu a mão e passou para a próxima música – ando um pouco caseiro.
Ela fez que sim com a cabeça e pegou um cigarro.Ele bateu a
mão no cigarro e fez um sinal para que ela guardasse.
-Eu preciso fumar – ela disse, nervosa.
-Você devia parar.Eu nunca gostei que você fumasse.
- Você nunca gostou de mim Caetano – ela sussurrou para si
mesma, porém foi alto demais.
O carro parou de repente com uma freada barulhenta que a
assustou.Por um momento, ela olhou para trás, pois tinha certeza que um carro
bateria neles.Mas a rua estava vazia.Ela olhou assustada para ele e encontrou
um rosto que misturava raiva, surpresa, alivio e a mais pura ternura.
Caraca!!!Muito bom,de verdade..adorei..
ResponderEliminarsegui..passa no meu?
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